ANTÔNIO CARLOS LOPES
Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
convidado especial do Universo Estilo
Todo cuidado é pouco com as chamadas dietas milagrosas e com o emagrecimento.
Dieta do sol, da lua, dos signos, das proteínas. É muito fácil e conveniente acreditar que em um passe de mágicas podemos continuar comendo descontroladamente e, ao mesmo tempo, voltar à forma física perfeita. Sinto informar, mas nada disso é possível. As fórmulas milagrosas são, na verdade, uma ameaça à saúde e, até mesmo, à vida.
A única receita infalível para perder peso é alimentação balanceada, atividade física regular e evitar medicamentos que levam ao aumento de peso. Para os não adeptos a nenhum dos itens anteriores, cabe mais um: acompanhamento médico e possível emprego de tratamento medicamentoso.
Em matéria de emagrecimento, a medicina, dentro de certos limites, é quase matemática. Se a quantidade de calorias ingeridas é maior que o gasto, ganha-se peso. Se for menor, perde-se. Alimentação saudável tem menos calorias; frituras e doces são excessivamente calóricos, desequilibrando a balança e contemplando o ganho de peso. A atividade física entra neste cálculo, entre outros benefícios, ajudando a aumentar o gasto calórico e diminuir o peso.
Recorrer a dietas sem comprovação científica e sem acompanhamento médico pode levar ao rápido emagrecimento, porém, certamente haverá o posterior ganho de peso igual, muitas vezes maior que o perdido. Isso porque o organismo não terá tempo suficiente para se adaptar à nova realidade. Em outras palavras, a fome, a vontade de comer e a facilidade em engordar continuarão iguais à espera da primeira oportunidade em que indivíduo caia em tentação. Muitos acabam entrando em processo de desnutrição com conseqüências graves.
O emagrecimento programado, realizado paulatinamente, permite ao cérebro se adaptar ao novo peso. É difícil, claro. Se não fosse, hoje o mundo não viveria uma epidemia de obesidade e as doenças cardiovasculares não seriam a maior causa de morte em grande parte dos países nem cresceria de maneira assustadora como acontece a cada ano. Um parêntese: bastam 30 minutos por dia de caminhada rápida para cortar pela metade a chance de infarto do miocárdio, uma das mais greves conseqüências da obesidade. Usar parte da hora do almoço para esta caminhada é uma alternativa. Deixar de usar o carro e ir andando à farmácia, ao supermercado, banca de jornal, ou descer do ponto de ônibus alguns quarteirões antes do destino final são outras dicas simples e boas para o coração, para a saúde e para o controle do peso.
Por outro lado, assim como no excesso de peso, a saúde só tem a perder se a opção for por dietas inadequadas. Anemia, tonturas e desmaios são os primeiros sinais de que algo não caminha bem. São conseqüências da baixa resistência do organismo pela restrição de nutrientes importantes. Proteínas, carboidratos, vitaminas e até mesmo gordura são essenciais para o organismo e não devem ser completamente abolidos da alimentação.
Se isso acontece, todo o organismo sofre. Primeiro os músculos enfraquecem e o sistema hormonal sofre alterações, como a ausência de menstruação nas mulheres, e há maior propensão à infecção por comprometimento da função imunológica. Depois entram em colapso rins, até atingir coração e cérebro. É o que têm acontecido com as jovens anoréxicas vitimadas por paradas cardíacas. De um lado ou de outro da balança, é o sistema cardiovascular quem mais sofre no final.
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